sexta-feira, 5 de junho de 2009

Saudade

Anos passaram desde que foste enterrado
A sobra ficou saliente pairando sobre mim
A única certeza de ser enterrado a teu lado
Que decerto será o meu fim…

A desilusão de não poder ter sido mais que uma sobra do que tu eras
O desejo de trocar de lugar estar eu sob aqueles palmos para que alguém
Com a tua magnificência poder viver
Em vez de uma reles copia defeituosa que não se pode comparar a tua grandiosidade

Como desejaria trocar de lugar, ter trocado anos atrás…
Oh qual dor que já nada acalma
Oh qual fim me desfaz
Oh leva daqui minh’ alma…

Destinado ao fracasso ao contrário de ti
Só lhes resta ódio para mim, amor pra ti…
Se não fosse verdade não poderia escreve-lo
É uma enorme tortura senti-lo tal qual é vê-lo

A noite meus sonhos perseguem-me
Vejo-te tão claro como meus negros tristes olhos ao espelho..
Depois acordo e deparo-me com as já quase duas décadas que partiste
Um misto de saudade e paranóia faz-me carregar a arma e contempla-la fria e sem vida tal como eu…
Se ao menos pudesse ter trocado de lugar não teria carregado décadas de culpa latente
As rimas precipitaram-se para o seu fim, tal como tu, como eu… como…

O pano cai o poema é escrito com as ultimas gotas do sangue do poeta
O que brota das fissuras onde entraram os analgésicos
O que suporta a vida latente de quem não quer viver
Podendo ao menos escolher
O mesmo dia que tu involuntariamente escolheste
Como perfeccionista será a ultima meta

O texto sai para quem jamais o poderá ler
Ainda que pudesse querê-lo-ia ler?
Nem escritos nem gloria
Incógnito será como um acaso que bóia no mar dando a costa.


Saudações, Wishmaster